E os Cristãos, por que tem Tanta Dificuldade com a Doutrina Espírita?
São basicamente 3 as razões que levam o cristianismo a perder, sistematicamente, espaço para a doutrina espírita entre ateus e agnósticos e, não raro, entre seus próprios adeptos. A questão está na constituição daquilo que ele tem como base de toda a sua sistematização, ou seja, seus 3 pilares: ciência, filosofia e religião. Nestes 3 pressupostos, nós levamos uma “surra” dos espíritas.
Do ponto de vista científico, mesmo sabendo que o espiritismo trata questões místicas e metafísicas como científicas, o que é um equívoco, nós agimos de forma ainda pior. Mesmo hoje, existem setores da igreja que teimam em manter a eterna resistência de aproximação com a ciência. No mundo contemporâneo, esta tem sido uma das principais causas para a não adesão de novos fiéis. Tristemente, o axioma – fé e ciência são incompatíveis – é discurso certo em muitos dos púlpitos de nossa nação.
Ora, este paradigma já deveria ter, há muito, sido superado! Hoje a ciência auxilia a religião em diversas questões e, lamentavelmente, é ela que vem se aproximando da fé, e não o contrário. Estabelecer posições radicais, fundamentalistas, dogmáticas, só serve para nos manter aprisionados a idade das trevas! O protestantismo, historicamente, sempre teve compromisso com o avanço, mas, nos últimos dois séculos, parece ter involuido drasticamente quanto a esta questão.
Do ponto de vista filosófico, a impressão que temos é que a igreja ficou estagnada no século XIX. Parece que filosofia e religião é outra combinação inconjugável para os cristãos. É sabido, entretanto, que a filosofia vem retomando na sociedade contemporânea a importância que um dia teve no mundo antigo e na idade média. Afastar a igreja da filosofia só faz emburrecê-la e embrutecê-la. A filosofia, diferente da religião, está muito mais interessada nas perguntas do que nas respostas, ou seja, ela é questionadora, gosta de perscrutar, de inquirir, de avaliar. Você não acha que, em meio a tudo o que estamos vivendo, isto não seria um exercício maravilhoso em nosso meio? Isto para não lembrar que toda a doutrina cristã está impregnada pela influência filosófica de vários povos, sobretudo dos gregos.
Nossa maior tragédia, todavia, situa-se no campo religioso. É aí onde tomamos mais “pancada”. O cristianismo de nossos dias é verborrágico, ou seja, é falatório puro. Nosso discurso não consegue, nem de longe, se equiparar as nossas práticas e nisso, os espíritas nos dão um “banho”. Além do mais, tem toda esta aberração trazida pelo neopentecostalismo que transformou a igreja evangélica num show de horrores. Citando o professor André Pessoa: “No segundo século da era cristã, os pais apostólicos discutiam entre si sobre a possibilidade ou não de haver salvação fora da igreja. Hoje, a questão inverteu-se e talvez seja mais correto perguntar se há possibilidade de alguém salvar-se estando dentro da igreja”.
Escrevi, em recente artigo, o seguinte: “Quisera eu que a apologética de nossos dias fosse contra o axioma Católico da não possibilidade de haver salvação fora da Igreja de Roma. Isso seria como tirar pirulito de bebê. Hoje lutamos contra nós mesmos, é o chamado fogo amigo, mas melhor seria chamar de fogo estranho! A coisa é tão grave que indulgências e simonias tornaram-se um mal quase imperceptível junto do que temos praticado: banho de água ungida do Jordão, mapeamento genealógico das maldições hereditárias, correntes de fé, processos de regressão para cura interior, chave untada com óleo santo, banho de sal grosso, profetadas dos "santarados", pirotecnias milagrosas, cantores “gospel”, show dos endemoninhados – com direito a entrevista, barganhas de todo tipo, espólio das carteiras e dos bens dos “dizimistas”, elementos judaicos no culto – bandeira de Israel, Estrela de Davi, Shofa, e tantas outras maluquices que daria para escrever um livro só com as bizarrices encontradas em “nossos” “templos” e “cultos”.
Conclusão
Eu acredito que ainda há tempo para a igreja acordar e olhar para estas questões de forma séria e, sobretudo, pragmática. Se isto não for feito, todavia, veremos a doutrina espírita avançar cada vez mais em nosso país e continuar a “exportar” seguidores e práticas pelo mundo a fora. Por isso, reverter este quadro poderá ser desafio para a próxima geração, e não mais para a nossa...
É sabido que Chico Xavier era homem simples, sem vaidades, adepto da caridade, da solidariedade, do bem servir ao próximo. O Chico nunca foi um homem de posses, mas, ao contrário, doou em vida tudo o que recebeu para obras assistenciais e de caridade. Seria bom que alguns de nossos “apóstolos”, “missionários”, “bispos”, “astros gospel”, e outras “entidades” fizessem o mesmo, pois Jesus, a quem dizem seguir, não tinha onde reclinar a cabeça, e Paulo, afirmou: “tendo o que comer e com que nos vestir estejamos satisfeitos”. O Chico, justiça seja feita, nunca foi chique; mas os seus seguidores são...
Hoje, ser espírita é estar associado à vanguarda, a elite, a uma religião com caráter mais universal, que é tolerante, flexível, embasada, "conectada", que se preocupa com o próximo, com as obras de caridade, com as questões ambientais, políticas, ou seja, é uma religião que está alinhada com as preocupações e dilemas do homem contemporâneo. E nós, onde estamos? Ou seria melhor perguntar: e nós, em que século paramos?
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