Cientistas identificaram um gene que seria o responsável pelos riscos de amputação de membros entre diabéticos - uma descoberta que pode ajudar a reduzir esse risco.
A diabetes pode restringir a circulação do sangue nos tecidos e reduzir a habilidade de cicatrização de feridas já que o corpo perde a capacidade de formar novas veias sangüíneas para agilizar o processo de cura.
Esse processo deixa alguns membros, como as pernas e os pés, vulneráveis à formação de úlceras e gangrenas.
Pesquisadores da Universidade de Bristol descobriram que a diabetes induz células saudáveis de veias sangüíneas a produzir um gene receptor de proteína chamado p75NTR.
Esse gene, ausente em células saudáveis, impede a produção das novas veias necessárias para o processo de cicatrização dos membros.
A inibição da ação desse gene nas células pode ajudar a reduzir a ocorrência de amputações entre os diabéticos, sugere o estudo realizado por cientistas britânicos e publicado na revista científica Circulation Research.
Pesquisa
Para confirmar a ação do gene nas células, os cientistas injetaram o p75NTR em células de veias sangüíneas saudáveis de ratos e observaram que elas se tornaram inválidas.
Além disso, ao injetar a proteína em um músculo saudável e restringir a circulação sangüínea nas veias desse músculo, os cientistas observaram que a presença do p75NTR causou uma falta de habilidade de cicatrização idêntica à provocada pela diabetes.
Finalmente, os pesquisadores inibiram a ação do p75NTR em ratos diabéticos antes de restringir a circulação em um dos membros dos animais. A inibição fez com que o membro superasse a restrição do fluxo sangüíneo.
Segundo o estudo, a presença do gene parece suprimir os mecanismos necessários para formação de novas veias sangüíneas.
"Nossa descoberta demonstra a importância de entender os fatores individuais responsáveis por algumas complicações causadas pela diabetes", disse Costanza Emanueli, que liderou o estudo.
De acordo com ela, a descoberta da ação do gene p75NTR pode abrir novos caminhos para combater as doenças vasculares nos diabéticos.
Tratamento
Para o professor Peter Weissberg, da British Heart Foundation, organização que trabalha para combater doenças cardíacas e uma das patrocinadoras do estudo, os resultados da pesquisa são muito significativos.
"Essa descoberta vital pode abrir caminho para o desenvolvimento de um medicamento que possa destruir a molécula, ou os seus efeitos", afirmou.
"Um tratamento como esse pode ter benefícios enormes em uma das complicações mais devastadoras e que ameaça a vida dos diabéticos", disse Weissberg.
Já Iain Frame, da ONG Diabetes UK, alertou para as conclusões tiradas de experimentos feitos em animais.
No entanto, ele afirmou que, caso a pesquisa seja provada em humanos, "um tratamento pode ser desenvolvido para remover o p75NTR, o que poderia beneficiar muitos pacientes diabéticos".
Uma pessoa que sofre de diabetes é 15 vezes mais suscetível a ter que amputar um dos membros inferiores do que aquelas que não possuem a doença.
Dados indicam que cerca de sete em cada 10 pessoas que sofrem uma amputação morrem dentro de cinco anos como resultado de complicações de suas condições.
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